O que é o ensaio de continuidade elétrica e como ele funciona?

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Seja muito bem-vindo ao nosso TELCast! Eu sou Nikolas Lemos e hoje falaremos sobre o ensaio de continuidade elétrica do SPDA.

Com exceção dos casos em que são previstos centelhadores para equipotencialização de estruturas energizadas, todos os demais componentes de um SPDA devem possuir continuidade elétrica entre si. Essa é uma exigência da NBR 5419 que tem como objetivo garantir que a corrente do raio passe por um caminho seguro, contínuo e equipotencializado com as demais estruturas metálicas, evitando centelhamentos perigosos. Em outras palavras, precisamos garantir que os subsistemas de captação, descidas, aterramento e equipotencialização estejam interligados, sem condutores rompidos ou conectores frouxos.

No SPDA externo, é relativamente fácil verificar visualmente essas falhas, uma vez que a maioria dos componentes estão fixados fora da edificação. Como no SPDA estrutural os elementos ficam no interior da estrutura, se quisermos fazer uma inspeção visual, seria preciso remover a camada de concreto que os compõem.

Do ponto de vista prático, isso pode ser além de inviável financeiramente, incorreto tecnicamente, já que remover a cobertura de concreto em determinados pontos pode trazer danos estruturais à edificação. A solução deste problema é apresentada no anexo F da norma e em resumo se dá através da execução dos ensaios de continuidade elétrica.

O processo consiste em injetar uma corrente elétrica entre os dois pontos mais distantes dos trechos da estrutura a ser medida. Caso exista um trecho rompido ou com falha de conexão, o medidor acusará que a corrente não está sendo estabelecida ou que o valor da resistência elétrica encontrada está muito alto.

Todos os ensaios devem ser feitos por um equipamento capaz de injetar correntes de 1 a 10 A, com frequência diferente de 60 Hz e seus múltiplos. Também é necessário que ele seja capaz de medir a queda de tensão entre pontos distantes, sem que o comprimento dos fios interfira na medição, ou seja, precisa utilizar a configuração de 4 fios. Existem dois equipamentos que se encaixam nestas especificações para realizar os ensaios de continuidade: os Miliohmímetros e os micro-ohmímetros.

No geral, o ensaio obrigatório do SPDA estrutural consiste em 2 etapas. A primeira, verifica os pilares de descidas, individualmente, para saber se há falhas nos trechos. Já a segunda, leva em consideração a edificação como um todo, medindo o valor da resistência do conjunto interligado, desde o seu topo até o barramento de equipotencialização principal. Além destas etapas, pode ser que em alguns casos específicos seja necessário ensaiar também elementos estruturais do aterramento, como as vigas baldrames.

É importante ressaltar que, para as descidas, quando a edificação possuir menos de 200 m de perímetro, obrigatoriamente, devemos ensaiar todos os pilares que fazem parte do SPDA. Caso seja uma edificação maior, apenas 50% dos pilares precisarão ser ensaiados, desde que apresentem valores de resistência na mesma ordem de grandeza e estejam dentro dos limites toleráveis.

Via de regra, se a resistência individual de cada pilar for inferior a 1 ohm, podemos considerá-lo como contínuo eletricamente. Caso seja maior que esse valor, devemos descartá-lo como componente natural do sistema e buscar outro pilar contínuo nas proximidades ou partir para a execução do SPDA externo no local. Também é necessário realizar medições cruzadas entre pilares e em trechos intermediários, onde conseguimos verificar se os mesmos estão interligados.

Após ensaiar todos os pilares necessários e obtermos resultados satisfatórios, teremos de fazer a medição final entre a parte mais alta da captação e o subsistema de aterramento. Caso ele também seja do tipo estrutural, devemos utilizar o BEP para realizar a conexão do equipamento.

Nesta segunda etapa, se o valor da resistência medida for inferior a 0,2 ohms, podemos considerar que toda a estrutura está apta para ser utilizada como componente natural do SPDA. Do contrário, será preciso adotar o sistema externo de proteção. Em casos especiais, precisaremos também ensaiar as vigas baldrames, nessa situação basta realizar os ensaios direcionados nas partes inferiores da edificação. Os resultados devem ser inferiores a 1 ohm.

Nos ensaios de continuidade, é comum que a oxidação existente nos componentes, especialmente naqueles expostos, interfira nos resultados. Por esse motivo, é recomendável que antes de conectar as garras do equipamento medidor, esta camada de oxidação seja levemente desbastada com o auxílio de uma lixa por exemplo.

Para finalizar, uma grande dica relacionada ao sistema estrutural é a utilização, ainda na fase de concretagem, dos conectores Aterrinsert. Com eles facilitamos o acesso às ferragens do SPDA, sem ter de remover a camada superficial de concreto, provendo um ponto permanente para ensaios de inspeção.